terça-feira, 29 de março de 2011

JOSÉ ALENCAR



Ao encarar a morte de frente, ao longo desses últimos anos, nosso ex-Vice Presidente mexeu com algo profundo em todos nós, não que José Alencar Gomes da Silva fosse de tiradas filosóficas sobre o incontornável encontro com o último destino. Estava mais para a piada e a ironia.
Ao tratar do câncer, mesmo nos momentos mais duros, surgia sempre com aparência de leveza e bom humor – mas a mensagem principal era o desassombro diante da gravidade da situação. E era essa postura que causava um misto de grande surpresa e admiração: parecia encarar o sofrimento como se não fosse nada demais, sem tintas dramáticas ou de desespero, sem jamais demonstrar desânimo, foi sendo cada vez mais admirado. Se já era visto com simpatia natural, por ser alguém que nasceu na pobreza e construiu um império com a força do trabalho, a briga pela vida o transformou em exemplo.
Internado sucessivas vezes e submetido a tantas cirurgias, ele passou a falar da morte sem parar – era sua pauta permanente. A cada aparição pública, uma declaração sobre o perigo, o medo (que dizia não ter), a esperança, a fé em Deus. Reconhecia a força descomunal do inimigo, mas o otimismo era indestrutível – essa lição de vida tanta falta faz hoje em nosso país, Deus o guarde.

Nenhum comentário: