domingo, 5 de abril de 2009

Piranhas - AL


Os pardieiros da época do Império, exemplares da arquitetura colonial portuguesa

Estação ferroviária do reinado de Pedro II, hoje funciona o Museu do Sertão

Os casarios historicos resistem, nesta rua as pedras são as do início da cidade

A cidade de Piranhas vista do Rio São Francisco

A cidade de Piranhas está localizada no sertão alagoano, a cerca de 240 km de Maceió. Encravada nos paredões que margeiam o Rio São Francisco, limita-se ao Sul com o “Velho Chico” e ao Norte com a vegetação espinhenta da caatinga.

É uma cidade que transpira história, desde o povoamento no século XVIII até o fenômeno social do cangaço, passando obviamente pela arquitetura colonial, os casarios e a ferrovia que Pedro II mandou construir para ligar o baixo ao alto São Francisco – na parte não-navegável do rio.

POVOAMENTO

O povoamento da região data do século XVIII com a chegada de um certo “Casado”, que se instalou em torno de um olho d´água que existia em cima da serra, dando origem ao atual município de Olho D´Água do Casado.

Depois vieram os Feitosa e os Sandes que se instalaram à beira do São Francisco. O grande número de piranhas no rio e riachos é, sem dúvida, a explicação para a denominação do município. O nome da cidade se deve ao fato de haver uma explicação que virou lenda na simbologia popular e por isso adquiriu grande força no imaginário coletivo dos moradores da região.

A sede da prefeitura, a igreja matriz, os casarios coloniais, o prédio da estação ferroviária, a torre da estação, a vila de pescadores que fundaram a região e hoje conhecida como Piranhas Velha, o mirante em saudação ao século XX; são alguns exemplos que encontramos da arquitetura colonial e que fazem parte do acervo tombado pelo patrimônio histórico e cultural.

A cidade também já foi palco para o filme Bye, Bye Brasil, do cineasta alagoano Cacá Diegues. Filmado na década de 1970, dá uma idéia do que é a cidade e pouca coisa mudou de lá para cá, pelo menos no que diz respeito às fachadas dos pardieiros. É impossível não realizar viagens históricas mentais quando a cidade visitada possui tão rico acervo material e imaterial, algumas ruas preservam ainda as pedras originais das primeiras construções da cidade.

O Rio São Francisco exerce papel fundamental na vida das comunidades ribeirinhas e em Piranhas não poderia ser diferente; o rio é fonte de subsistência e de renda para estas comunidades. Todas as relações sociais marcantes nestas populações se desenvolveram sob forte influência do “Velho Chico”; o contato com os municípios da região é feito através do rio, a dieta à base de peixe e crustáceos, os personagens do universo simbólico popular também nos remetem à influência do rio nas vidas destas populações.

O cangaço também exerce forte influência, ainda hoje, na mentalidade do piranhense. A volante da polícia alagoana saiu da cidade de Piranhas para a emboscada da gruta de Angicos e de volta as cabeças foram expostas na escadaria da prefeitura. Vários integrantes dos grupos de Lampião e da Polícia eram de Piranhas - o tenente João Bezerra (comandante da volante) e o sargento Aniceto casaram-se e moravam em Piranhas.

O prédio onde funcionava a estação ferroviária abriga hoje o Museu do Sertão, que conta com acervo relacionado ao cangaço. São fotos dos personagens que fizeram parte deste fenômeno histórico, armas utilizadas nos combates entre os cangaceiros e as volantes policiais, utensílios utilizados pelos cangaceiros, as vestimentas confeccionadas em couro para resistir e protegê-los dos espinhos que predomina na vegetação do sertão nordestino.

A ferrovia já não existe mais; na memória dos mais velhos é um filme que passou e entre os mais novos só referências nos livros e nos relatos. Mas, olhando-se do rio para terra vê-se nitidamente os contornos da linha férrea na serra. São as marcas da história que também ficam delineadas na topografia.

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