terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O HOMEM QUE DEU A LUZ A UMA CRIANÇA



É interessante um homem dar luz? Esse foi outro fenômeno que evidenciou o nome da Princesa do Sertão a nível nacional. Comentava-se em sussurros por toda a cidade, em 1966, de que um valente vaqueiro, havia gerado e dado à luz a uma criança. Essa novidade genética colocou a população em polvorosa. Como é que um homem pode parir? Essa era a dúvida de todos. Quando este fenômeno chegou aos jornais, Palmeira dos Índios se tornou objeto de chacota e de piadas escabrosas. Vamos ao fato.

Tudo aconteceu no povoado Lajes do Caldeirão. Existia nessa região um casal de agricultores, progenitores de uma família de sete filhos. Segundo matéria jornalística escrita pelo correspondente José Delfim da Mota Branco, todas as filhas do casal, acabavam se prostituindo. Levado por este frustração, ao nascer a menina Joana José, seu pai decidiu cria-la como homem e inverteram o nome da menina para José (Zé) Joana. Quando criança as suas brincadeiras eram as de menino. Quando jovem seu comportamento era igual aos dos rapazes. Quando adulta, comportava-se como homem. Mas, um pequeno e fundamental detalhe, fez desmoronar o segredo da família.

Como se justifica que um homem, um macho que se preze, tenha que se acocorar para urinar. Como ela morava numa propriedade rural, somente a flora e alguns animais sabiam do seu segredo. Filó, grande amigo de Zé Joana, ao visita-lo, disseram que ele estava na roça. Chegando, sorrateiramente, viu ele de agachando e por entre as pernas, escorria urina. Quando ele se levantou para fechar a calça, Filó viu o que ninguém tinha visto até aquele dia fatídico.

"Ou transa comigo, ou contarei a verdade para todo mundo". Esta foi à frase que Joana José nunca esperou ouvir. Seu grande segredo corria o risco de se tornar público. Para preservar seu segredo, concordou em transar com Filó e ali mesmo, no meio do mato, a jovem Joana José perdeu a virgindade. Como se encontravam todos os dias para transar, o inevitável aconteceu: Joana ficou grávida.

Nos primeiros meses ele conseguiu esconder a gravidez, mas depois do sétimo, comunicou a seus pais e não mais saiu de casa. Num belo dia, seus vizinhos ouviram um choro de criança. Todos ficaram incrédulos com Zé Joana e mais ainda, em ter ele conseguido dar a luz.

O fato ganhou o mundo. Os jornalistas José Delfim da Mota Branco, do Jornal de Alagoas e Ivan Bezerra de Barros, da Gazeta de Alagoas, procuram apurar a verdade. Dirige-se ao povoado acompanhado do obstetra Wilson Vieira Costa, um médico muito conceituado da cidade, para uma explicação lógica do fato.

Ao examinar a parturiente, a verdade finalmente veio à tona e ficou sendo conhecida por todos. Tratava-se de uma pessoa do sexo feminino, que nada tinha de anormal, a não ser o fato de possuir um clitóris crescido. Mas, infelizmente as notícias divulgadas pelos jornais do Brasil todo, foram desvirtuadas em busca de sensacionalismo e Palmeira dos Índios passou a ser motivo de piadas escabrosas.
Na época, o palmeirense poeta de cordel Efigênio Moura, compôs uma música para o carnaval, intitulado "Joana José", com arranjo do maestro Edinho Aguiar. No reinado do mono do ano seguinte, ela foi a mais tocada na maratona e nos salões de festa: "Joana José, me diga como é que é, de dia você é homem e de noite é mulher.

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